O mundo visto por quem não o vé

Esta tarde estava a apanhar o comboio em sete rios para oriente quando ouço por trás de mim a entrar no comboio também, uma voz masculina a dizer  " fogo lá se foi a garrafa de água", olho e vejo que realmente aquilo que para mim seria fácil que seria apanhar a garrafa que deixei cair, para aquele senhor que vinha acompanhado de uma senhora também invisual, seria algo bastante complicado e as palavras dele demonstraram isso mesmo, eu levantei-me e disse " Deixe estár senhor, eu apanho-lhe a garrafa" apanhei toquei-lhe no braço para ele saber onde eu estava e dei-lhe, um simples obrigado da parte do casal a mim suou-me como uma grande sensação de ter razões pra sorrir, pois aquilo que para eles é um entrave para mim é algo básico ao qual nunca tinha reparado na sorte que tenho por o conseguir fazer..

Fiquei a observar o casal e a reparar que a vida deles mesmo sem imagem era algo que mostrava cor, eles pareciam mais cúmplices um do outro do que qualquer outro casal que consiga ver. Não sei se eram marido e mulher ou se eram pai e filha. As idades não deviam divergir muito mais do que 15 Anos, ele devia ter os seus 60 e ela perto dos 50, mas realmente ver duas pessoas e pensar nas barreiras que atravessam ha sua frente talvez uma simples garrafa a cair para aquele senhor foi simplesmente mais uma barreira deste dia.

Mas tudo isto levou-me a pensar como será que eles vêem o mundo?? 

Como será que escolhem as cores das roupas, das meias, os sapatos... Tudo isso me faz pensar, é certo que até podem ter alguém a ajudar, mas como será se essa pessoa não estiver lá?? 

É estranho para mim porque não tenho essa questão na minha vida, mas realmente aquele casal para além de cada dia ser um dia, por tudo o que enfrentam, devem ter uma filosofia de vida excepcional por dar valor aquelas pequenas coisas que eu desprezo. 

Como será que eles olham para este mundo????